Toda vez que o Natal retorna, cantando Hosanas, aciono as lembranças dos Natais da minha infância.
Na tela do pensamento, repasso imagens daqueles dias vividos, no seio da família: pais, avós, irmãos.
Dias tão diversos dos atuais. Dias em que a TV ainda não chegara ao nosso lar e o que nos ligava ao mundo, naquele distante rincão, eram as ondas radiofônicas.
Recordo que os dias que antecediam o Natal eram de agitação. Minha irmã era muito criativa e, juntas, fazíamos a decoração da casa.
Laços de fita colorida se mesclavam ao verde de pequenos ramos que retirávamos das árvores do quintal.
Os presentes eram escassos: um para cada criança. Éramos cinco.
No entanto, de forma miraculosa, quando a família adentrava a sala, para a troca tão esperada, havia pacotes e mais pacotes.
Pacotes coloridos, de tamanhos e formas diversas. Leves, pesados, pequenos, grandes.
Era o nosso milagre particular. Tomávamos, minha irmã e eu, de pequenos mimos, esquecidos em gavetas e armários, lavávamos, políamos e providenciávamos embrulhos.
O momento da distribuição era de surpresas contínuas. A pessoa tomava do pacote e tentava adivinhar o que continha.
Seria um presente de verdade ou uma brincadeira? Por vezes, colocávamos algo minúsculo em caixas de variados tamanhos.
E lá ficava um de nós, entre a emoção e a ansiedade de todos, desembrulhando e desembrulhando.
No final, havia sempre risos. Às vezes, era apenas um seixo liso, colhido em passeio familiar e zelosamente guardado para a ocasião.
Ou então, era uma concha sui generis, fruto de uma ida à praia. Um livro emprestado, lido e que retornava, dessa forma, às mãos do dono.
Surpresas e mais surpresas. As crianças participávamos com risos, gritos, exclamações!
A figura de Papai Noel jamais adentrou a nossa casa. Desde muito cedo, aprendemos que nossos pais e avós faziam grandes sacrifícios para conseguir brindar a cada um de nós com um brinquedo.
E nós lhes dávamos lembranças, feitas por nós, entre o carinho e a inabilidade de nossas mãos.
Depois, era a ceia, servida em baixelas de porcelana, especialmente reservadas para dias importantes como o Natal.
Presente de casamento! - Informava nossa mãe, para atestar da importância de todos aqueles pratos.
E bebíamos em copos de cristal, que nos requeriam todo cuidado.
Todos brindávamos, com guaraná, cujas bolhas, provocando cócegas, mais nos faziam rir.
Dias felizes. Natais passados em que não faltava o momento de oração ao Divino Aniversariante, o mais importante convidado. Porque, afinal, só se tinha festa, porque Ele estava aniversariando.
Hoje, quando os anos se transformaram em décadas, agradeço a Deus pelos Natais de tantas venturas familiares.
Agradeço pelos amores que me deram alegrias, tantas e multiplicadas para recordar.
E lhes digo, desejando ouçam no mundo espiritual, onde se encontram: Feliz Natal, vovô, vovó, pai, mãe, irmãos queridos da minha alma saudosa!
Redação do Momento Espírita.
Disponível no cd Momento Espírita, v. 22, ed. Fep.
Em 30.7.2012.
Disponível no cd Momento Espírita, v. 22, ed. Fep.
Em 30.7.2012.
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