Espíritas, queremos falar-vos hoje,
Da indulgência, sentimento doce e fraternal,
Que todo homem deve alimentar para com seus irmãos,
Mas do qual bem poucos fazem uso.
A indulgência não vê os defeitos de outrem,
Ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los.
Ao contrário, oculta-os, a fim de que se não tornem,
Conhecidos senão dela unicamente.
E, se a malevolência os descobre,
Tem sempre pronta uma escusa para eles,
Escusa plausível, séria, não das que,
Com aparência de atenuar a falta, mais a evidenciam.
A indulgência jamais se ocupa com os maus atos de outrem,
A menos que seja para prestar um serviço;
Mas, mesmo neste caso, tem o cuidado de os atenuar,
Tanto quanto possível.
Não faz observações chocantes, não tem nos lábios censuras;
Apenas conselhos e, as mais das vezes, velados.
Quando criticais, que conseqüência se há de tirar,
Das vossas palavras?
A de que não tereis feito o que reprovais,
Visto que estais a censurar; que valeis mais do que o culpado.
Ó homens! quando será que julgareis os vossos próprios corações,
Os vossos próprios pensamentos, os vossos próprios atos?
Sem vos ocupardes com o que fazem vossos irmãos?
Quando só tereis olhares severos sobre vós mesmos?
Sede, pois, severos para convosco,
Indulgentes para com os outros.
Lembrai-vos daquele que julga em última instância,
Que vê os pensamentos íntimos de cada coração.
E que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas,
Que censurais, ou condena o que relevais,
Porque conhece o móvel de todos os atos.
Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes: anátema!
Tereis, quiçá, cometido faltas mais graves.
Sede indulgentes, meus amigos,
Porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue,
Ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita.
— José, Espírito protetor.
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