Durante séculos, a Igreja Católica e as demais Igrejas Cristãs combateram ferozmente – até meados do século 20 – a comunicação com os espíritos desencarnados. A Igreja, inclusive, através da CNBB, até 1950 excomungava as pessoas que frequentassem, durante mais de seis meses, os centros espíritas. E, no finalzinho do século 19, uma bula do Vaticano conclamava todo o mundo católico a lutar, com todas as armas, contra o Espiritismo: ou a Igreja acabava com ele ou ele acabaria com a Igreja!
Mas a Igreja, pouco depois, notou que a grande maioria dos católicos de cidades grandes e de porte médio frequenta casas espíritas, acontecendo o mesmo, em menor quantidade, com protestantes e evangélicos. Ela, aos poucos, de um modo geral, parou de atacar o Espiritismo. É como constatamos em nossas palestras e seminários pelo Brasil e Portugal, às vezes: nesses eventos espíritas há mais pessoas de outras religiões do que mesmo espíritas. Allan Kardec não é o criador do Espiritismo, mas o seu codificador (organizador), pois os fenômenos espíritas existem desde que o mundo é mundo. Kardec era um cientista linguístico católico de tradição familiar; inclusive, casou-se na Igreja Católica.
Mas interessou-se pelas pesquisas dos fenômenos espíritas, que se tornaram uma coqueluche de muitos cientistas contemporâneos dele, em vários países europeus e nos Estados Unidos. Pode-se dizer que Kardec, pelo grande trabalho de experiências e pesquisas na área dos fenômenos mediúnicos, é o criador da nova ciência chamada, hoje, de espiritologia. E é, com razão, que “O Livro dos Médiuns” – uma das obras básicas do Espiritismo assinada por ele – é tido como o primeiro manual de parapsicologia do mundo.
Não se deve confundir as leis divinas ou naturais bíblicas com as leis mosaicas também bíblicas. As mosaicas são somente uma espécie de constituição do povo judeu feita por Moisés. Já as leis divinas ou naturais são as do Decálogo ou dos Dez Mandamentos, que são também, geralmente, universais, constando, pois, das outras escriturais sagradas e não somente da Bíblia.
E os fanáticos pregadores contra o Espiritismo, que ainda existem, perderam e perdem seu tempo em ficar doutrinando as pessoas simples que os seguem, dizendo-lhes que o Espiritismo é feitiçaria e contra a Bíblia. É que eles misturam as leis mosaicas com as divinas ou naturais. Moisés proibiu o contato com os espíritos por causa da ignorância dos judeus sobre a mediunidade, na época em que ele os dirigia. Mas, defendeu também este contato (Números 11: 24 a 30), em que ele elogia Heldade e Medade, que recebiam espíritos profetizando.
Vejamos um exemplo bíblico em que o próprio Jesus e os grandes médiuns Pedro, Tiago e João fazem uma verdadeira sessão espírita na Transfiguração, pois Elias e Moisés, que viveram aqui no nosso planeta, já havia séculos, comunicaram-se com os quatro (Mateus 17: 3). Se isso não for uma sessão espírita, ou seja, uma comunicação com espíritos desencarnados, o que seria, então, o Espiritismo? E observe-se que o próprio Moisés veio anular a sua proibição (Deuteronômio capítulo 18) de contato com os espíritos!
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